II Encontro sobre Resíduos Têxteis

Coordenação: EACH-USP Profa. Dra. Francisca Dantas Mendes

 

O NAPI SUSTEXMODA, Núcleo de Apoio à Pesquisa Sustentabilidade na Cadeia Têxtil e Indústria da Moda faz parte da Pró-Reitoria de pesquisa da Universidade São Paulo, atualmente institucionalizado pelo IEA, Instituto de Estudos Avançados, USP. Tem por objetivo pesquisar e estudar os impactos causados na economia, sociedade e meio ambiente pela Cadeia Têxtil e a Indústria da Moda visando buscar ações efetivas para suas soluções. O projeto “Zero Resíduo Têxtil nas Calçadas de São Paulo", entre outros, está sob o amparo do NAPI SUSTEXMODA.

 

O projeto “Zero Resíduo Têxtil”, concebido pela professora Dra. Francisca Dantas Mendes terá a tutela da equipe do SUSTEXMODA em parceria com o Instituo BECEI, responsável pela gestão administrativa, financeira e de recursos humanos e será executado por cooperativas de baixa renda. Tem por objetivo retirar das calçadas dos bairros de São Paulo todos os tipos de resíduo têxtil no prazo de três anos, dependendo exclusivamente das estruturas oferecidas pelos poderes públicos. Visa também zerar a remessa de resíduos e roupas pós-consumo nos aterros sanitários, pois todo o material não utilizado será destinado aos nossos parceiros para desfibragem.

 

Este projeto é a expansão de dois outros já executados desde 2015 com sucesso, sendo que o primeiro, o projeto Ubuntu utiliza resíduos têxteis do departamento de corte de empresas de confecção como matéria prima para o desenvolvimento e produção de tapetes e outros objetos funcionais. Participam desse projeto homens e mulheres adultos em situação de extrema vulnerabilidade acolhidos em Centros Temporários de Acolhimento da Prefeitura de SP como arte terapia visando o aumento de autoestima, empoderamento e possibilidade de geração de renda. O segundo, o Projeto Botão de Flor, realiza upcycling de roupas pós-consumo com a participação de transexuais em situação de extrema vulnerabilidade, também acolhidos nos Centros de Acolhimento da Prefeitura de SP, visando os mesmos objetivos. As ações já estão sendo realizadas em vários espaços no município de São Paulo.

 

Concomitantemente o projeto propõe um trabalho de conscientização que visa o depósito adequado, a gestão e a redução de geração de resíduos pelas empresas de confecção em seus departamentos de corte, assim também como em relação às roupas pós-consumo descartadas de forma inadequada nas calçadas da cidade.

 

O diferencial das cooperativas deste projeto em relação a outras existentes na cidade de São Paulo é que as pessoas ali alocadas têm como função selecionar resíduos para serem utilizados como matérias primas aumentando o valor agregado no desenvolvimento e produção de novos produtos.

 

A primeira fase do processo:

Na entrada do galpão os caminhões deverão descarregar os resíduos em locais próximos às esteiras. Os cooperados retirarão das esteiras materiais reciclados que não são tecidos e os colocarão em contêineres específicos. Três outros contêineres receberão os resíduos.

 

As peças pós-consumo serão triadas em outra esteira. E serão distribuídas em três contêineres.

 

 

Os resíduos têxteis que seguirão para a desfibragem serão enfardados.

 

Na fase dois:

Os cooperados separarão os materiais maiores para a produção de edredons/cobertores que poderão ser higienizados. Esses cobertores têm o propósito de substituir os atuais que, após o seu uso pelos moradores de rua, são destinados aos aterros por não possibilitar  a sua higienização.

 

Os resíduos tamanhos médios serão destinados para a produção de tapetes e outros objetos artesanais funcionais.

 

Em paralelo a essas ações serão desenvolvidas palestras, cartilhas e cursos de capacitação em três fases destinadas aos confeccionistas.

 

 

O projeto necessita de um galpão com cerca de 4 mil m2 para acolher as duas fases e as 46 toneladas/dia. A primeira fase precisa das esteiras rolantes para triagem, 6 carrinhos contêineres com rodas, 3 prensas de enfardamento e 2 carinhos para empilhar os fardos.

 

A segunda etapa é composta de produção de novos produtos e aproveitamento do valor agregado dos tecidos e peças prontas pós-consumo.

 

Para esta fase são necessárias 4 bancadas de trabalho para a separação dos resíduos por cores lisas e estampadas e peças prontas.

 

Em paralelo está sendo pesquisado, estudado e desenvolvido o projeto que visa criar a “Certificação Brasileira de Destinação Correta de Resíduo Têxtil” a ser apresentado e discutido com a participação das associações e do setor de confecção.

 

O investimento final em todo projeto em torno de 15 milhões.